segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Arte de negociar segundo a tradição árabe



Consultando uma borra de café, fiquei surpresa com uma imagem que chamou muito minha atenção: um homem barbado de túnica, nariz proeminente. A primeira associação devo reconhecer, foi com a figura de Ossama Bin Laden. Foi muito forte a sensação de que meu consulente estaria vivenciando um momento de terror, se sentindo aterrorizado por questões relacionadas á finanças (isto devido á imagem estar na região do dinheiro) Realmente, conversando com ele, me relatou estar extremamente abalado por um problema seriíssimo com bancos e até se sentindo ameaçado.
A leitura da borra de café tem por finalidade mostrar um caminho, assim como todo oráculo.
Lembrei naquela hora de um texto que tinha lido há um tempo atrás: A arte de negociar árabe, escrito por Jorge Sabongi de Khan el Kalili, casa de chã egípcia, em São Paulo. Comecei a falar com meu consulente recomendando-lhe negociar, assim como os árabes:
“O dinheiro, sua forma de adquiri-lo e constituir fortuna com ele, vem de séculos. Nômades por natureza, o povo árabe desenvolveu como ninguém a arte da negociação. E o mais engraçado: passa de pai para filho, quase que inconscientemente. Hoje percebo que minha mãe, quando eu era pequeno, fazia negócios em suas compras, com verdadeiro sangue árabe, herdado de meus avós. Eu, menino, só observava: suas palavras, sua forma sutil para demover um vendedor e de remover o valor da mercadoria ao preço que ela realmente desejava pagar ou que valia. E o engraçado é que ela me explicava porque estava fazendo a transação daquela forma. No seu jeito mais singelo, ela estava passando para mim, um tino comercial que duraria por toda minha existência.
O árabe em si, não é um chato fazendo negócios: é um artista. Para ele, é um grande prazer falar, gesticular, comentar, contar uma história antiga, profetizar uma sentença de sabedoria, tudo num clima envolvente e cativante. Ao piscar seus olhos, você acha que fez o melhor negócio do mundo… e ele idem. 
Quando encontram alguém que também faz o mesmo tipo de jogo (prazer na pechincha, relutância em adquirir um bem se não tiver melhores condições, e principalmente expor as qualidades com exuberância do bem em questão, para valoriza-lo ao máximo), aí estão realmente fazendo o que mais gostam.  Achar alguém do mesmo naipe é o auge comercial para eles.
 Está no sangue: “Bara você querido, este breço, melhorbreço. Eu só faz isso borque é brá você….Eu não táganiando nada com isso, só quer ver você contente.”(experimente colocar a entonação exata, e você dará boas risadas). E sem pressa nenhuma de encerrar a negociação, por aí vai, horas se for necessário. Por fim, um café árabe é servido com cardamomo, é claro, e risadas são trocadas, numa amizade que parece de anos de convívio.
Depois que um árabe faz negócio com você, ele realmente inicia uma amizade que poderá durar para a vida inteira.  Antes, será sempre um estranho, sisudo, fechado.  Portanto, não estranhe. 
Um lembrete: nunca diga que ele está lhe roubando no preço. Prefira falar assim: “Você ganha pouquinho, eu ganho pouquinho, e nós, fazemos negócio”. Pronto… esta é a linguagem.”
(agradeço a Jorge, a gentileza me permitindo utilizar o seu texto)
Texto de Jorge Sabongi
Khan el Kalili
Casa de Chã Egípcia e café árabe
R. Dr. José de Queirós Aranha, 320 – Vila Mariana
Fones: 11 5575-6647 – 5571-3209 – 5571-3295 – 5549-7989
Provérbio árabe: “é importante rezar para que camelo não fuja, mas não se esqueça de amarrá-lo”.
Assim, diariamente, encontramos na leitura da borra de café muitas imagens simbólicas, que certamente irão nos ajudar (e também aos nossos consulentes), a realizar algo muito importante no cotidiano de cada ser humano: a magia da autotransformação. Porque? Muitas vezes estamos enxergando só um lado da moeda, sofremos… Por isso é muito importante ante uma questão ameaçadora, por exemplo, ver por todos os lados, para assim melhorar não só a situação como o nosso interior.
Mirta Herrera Camerini (Zulma Ayslaam)
Professora de leitura da Borra de Café

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